Durante o 13⁰ Encontro da Família Glufke em Panambi tivemos palestra de Marisa Glufke Chiappina, bisneta de Elise Henriette Marie Böttger e Ernst Karl Glufke, histórias desconhecidas pela família e que a Marisa, em árduo trabalho de pesquisa junto à museus na Alemanha, onde reside, em Panambi e em Ijuí, onde conseguiu reunir documentos históricos como fotos, recortes de jornais e brochuras (tese de doutorado da Dra. Rosane Neumann) e que agregaram informações sobre a origem dos Glufke's em Panambi.
A Marisa teve este insight em fazer palestra e compartilhar com a Família a partir do momento que soube que o encontro seria em Panambi, cidade na qual ela morou na década de 70, e o pai dela, Carlos Henrique Glufke foi gerente do Banco do Brasil por um período e onde Marisa assistiu em 1973, por ocasião dos festejos dos 70 anos da fundação do Colégio Evangélico Panambi (CEP) e os 50 anos da Igreja Luterana, um filme mudo e que chamou a atenção dela por ter o nome de Elise Glufke escrito na tela. Infelizmente até a realização do encontro este filme não foi localizado, mas a procura pelo filme, continua. O tema principal da palestra foi sobre Elise e sua profissão de parteira,
O material abaixo é um resumo da palestra proferida pela Marisa, que gentilmente cedeu o material para que ficasse aqui no blog registrado e que, quem sabe, um dia sirva de pesquisa para algum familiar.
Erlaß des Regierungs -
Präsidiums in Breslau vom 3.7.1893 I. XI. 921 wurde die Änderung des Namens
“Gluwke” in “Glufke” genehmigt
Assinado com carimbo do
Standesbeamter na cidade de Berlin
Decreto da Presidência do Governo em Breslau, de 3.7.1893, aprovou a alteração do nome Gluwke para Glufke
Diploma parteira de Elise datado em 28 de março de 1901 em Magdeburg - Alemanha
Tradução:
Copia
D
148 – 07.01.44
Neu-Würtemberg,
16. Novembro de 1912
Ao
Consulado Imperial Alemão
Porto
Alegre
Permita-me
perguntar se é possível cursar medicina e odontologia na Alemanha durante uma
estadia de 12 meses. Pelo que sei, a pessoa em questão precisa ter um certificado
de conclusão do ensino médio, não do ensino fundamental.
Em
julho de 1911, o seleiro Friedrich Brendle viajou de Neu-Wütemberg para a
Alemanha para cursar doutorado em medicina. Cartas chegaram à cidade informando
que Brendle havia sido admitido na Universidade de Tübingen.
Mais
tarde, de Leipzig, onde Brendle teria realizado uma apresentação, ele enviou os
lucros gerados para a Associação de Auxílio às Mulheres daqui.
Em
setembro deste ano, o Sr. Brendle retornou e contou aos residentes que havia
recebido seu certificado de médico formado do Hospital Virchow, em Berlim e
Leipzig, e que também havia passado quatro meses estudando para se tornar
odontólogo.
Aqui
em nossa colônia, ele atende e trata todos os casos como médico qualificado e
conta às pessoas que, na Alemanha, sempre o chamavam de "Sr. Colega".
Por
meio desta carta, solicito ao Consulado Imperial Alemão, em nome dos alemães
que aqui vivem, que anuncie publicamente em todos os jornais alemães publicados
aqui no interesse dos médicos alemães se a pessoa em questão, p.p. Brendle, é
um médico formado, um vigarista ou um impostor.
Firma
este documento, sinceramente,
Firmado: Carl Glufke, Neu-Wütemberg
Completa oitenta anos neste sábado (28) Elisabeth Glufke, nascida Böttger.
A celebrante, que atualmente visita a casa do filho, o
Sr. Germano Glufke, em Ijuí, desfruta de um vigor físico abençoado e de
admirável frescor mental, agilidade e vigor.
A Sra. Elise Glufke pertence à geração que pode ser
chamada de pioneira de Ijuí. Há mais de meio século, ela, então com 29 anos,
imigrou para a jovem colônia de Ijuí, que ainda não tinha completado duas
décadas. Foi em Quedlinburg que ela viu a luz do mundo no dia 28 de Janeiro de
1881, onde passou a sua infância, adolescência e onde trabalhou como parteira
qualificada no hospital do distrito. Foi em Quedlinburg que se casou com o Sr.
Karl Ernst Glufke, com quem teve cinco filhos. Em julho de 1909, quando uma
doença grave a obrigou a fazer uma pausa e a abandonar temporáriamente o emprego,
foi tomada pelo desejo de emigrar e, com a aprovação do marido, seu plano
espontâneo de emigrar para o Brasil foi concretizado.
Poucos meses depois, o casal chegou ao Rio de Janeiro com
seus cinco filhos pequenos. Por vontade própia deles, sem, aliás, terem razões
válidas para tal, foram enviados ao Rio Grande do Sul e transportados de Porto
Alegre, via Santa Maria, para Cruz Alta. Em outubro de 1909, o Dr. Pestana
mandou buscar a família de Quedlinburg e mais alguns companheiros de viagem em
Cruz Alta e levá-los de carroça para Ijuí. Uma oferta da administração da
Colônia para se estabelecer na praça da cidade, que na época ainda era muito
pouco povoada e trabalhar lá como parteira, a Sra. Glufke não acreditava poder
aceitar, pois considerava mais útil exercer sua atividade na zona rural.
Consequentemente, o casal se estabeleceu na Linha 23 e, inicialmente, começou a
vida atarefada de um colonizador na mata selvagem.
Logo, porém, a corajosa mulher, que continuava a exercer
sua antiga profissão de parteira e frequentemente tinha que cavalgar
quilômetros pela mata em qualquer condição climática quando uma jovem mãe
precisava de sua ajuda, recebeu um chamado para Nova Württemberg (hoje
Panambi). Nessa comunidade em expansão havia sido fundada uma associação hospitalar
e essa organização sem fins lucrativos, fez uma oferta aceitável à Sra. Glufke.
Assim, a família de Quedlinburg, que entretanto tinha-se acrescentado de mais
um menino, deixou Ijuí e se estabeleceu em Nova Württemberg. O principal motivo
para essa decisão foi a questão da escola, pois algumas das crianças mais
velhas, ainda nascidas na Alemanha, já haviam atingido a idade escolar, e não
havia escola na linha 23 em Ijuí naquela época.
Mesmo que a primeira Guerra Mundial tenha causado
repercuções, ou pelo menos seus primeiros sinais em Nova Württemberg, assim que
as condições se estabilizaram após a Guerra, o diretor Hermann Faulhaber
começou a estabelecer uma colônia-filha de Nova Württemberg no Alto Uruguai:
Porto Feliz (hoje Mondaí). À pedido especial de Faulhaber, o casal Glufke e sua
familia, que já contava com dez filhos e os anexados, mudaram-se para Porto
Feliz.
O trabalho pioneiro foi mais uma vez aqui a palavra de
ordem. Os primeiros tempos foram difíceis e exigiram muita coragem e
sacrifício. O Sr. Karl Glufke morreu muito cedo em Porto Feliz, em 1928. (Ele
estava em Nova Württemberg e foi sepultado em Porto Feliz.) Sua esposa
Elisabeth (Elise) deixou a região 8 anos mais tarde (1936) e mudou-se para
Porto Alegre, onde vive com uma filha viúva (Erna).
Embora o tempo que a Sra Glufke passou em Ijuí tenha sido
curto, jovens mães em momentos difíceis encontravam apoio consciente e ajuda
especializada da Sra. Elisabeth Glufke (Elise), o povo de Ijuí deve à senhora,
agora com oitenta anos, seus sinceros agradecimentos por isso. O destino nem
sempre espalhou flores no caminho da celebrante. Ela teve que suportar muito
sofrimento e tristeza; a morte levou seu marido cedo demais, e ela teve que
enterrar seus filhos e genros, mas nada foi capaz de derrubar essa corajosa
mulher. Todos os anos, ela ainda parte em uma jornada para visitar seus filhos
dispersos, 32 netos e 43 bisnetos, que são o orgulho e a alegria de sua
velhice.
O “Serra Post” envia seus sinceros cumprimentos e votos
de felicidade e bênçãos à jubilada, que é uma das poucas pioneiras
remanescentes de Ijuí, e lhe deseja muitos outros anos de vida abençoada.
Notícia do falecimento de Elise no jornal Correio Serrano de Ijuí - RS em seu suplemento em alemão Die Serra-Post, em 22 de dezembro de 1962
Tradução:Senhora Elise Glufke,
Em 9 de dezembro, faleceu repentinamente e inesperadamente a Sra. Elise Glufke, nascida Böttger, em Lajeado, onde estava de visita. Uma mulher corajosa partiu, que teve de passar por muitas dificuldades na vida, mas que nunca se deixou abater e sempre enfrentou com coragem o que o destino lhe reservava. Uma esposa amorosa que teve que sepultar seu companheiro muito jovem, uma mãe bondosa que teve que enterrar seus filhos e genros; uma mulher sempre prestativa, que levava a sério seus deveres humanos e profissionais a qualquer hora e nunca hesitava quando uma futura mãe lhe pedia ajuda para dar à luz a um novo cidadão do mundo.
Ainda que seu trabalho benéfico em Ijuí tenha sido de curta duração, sua dedicação e disposição para ajudar nunca foram esquecidas aqui.
A falecida pertencia à geração que, no sentido mais amplo, ajudou a criar Ijuí. Quando, em outubro de 1909, ela imigrou com seu marido, Karl Glufke, e seus cinco filhos de sua cidade natal alemã, Quedlinburg., para a então Colônia Ijuí e se estabeleceu na linha 23, tudo ao redor era muito diferente do que é hoje, e o trabalho de um pioneiro na mata virgem era cheio de privações e perigos, sendo extremamente difícil para as pessoas instruídas que foram transplantadas da civilização para a mata selvagem inexplorada. Juntamente com seu marido, a falecida decidiu enfrentar a natureza e, ao mesmo tempo, exerceu com dedicação sua profissão, a de parteira, que muitas vezes a obrigava a fazer longas cavalgadas pela mata, independentemente das condições climáticas.
Os sólidos conhecimentos profissionais que adquiriu como parteira diplomada e enfermeira do hospital distrital de sua cidade natal, Quedlinburg, foram extremamente úteis para a ainda jovem colônia, e a Sra. Elise Glufke logo se tornou uma das personalidades mais respeitadas e estimadas em muitos quilômetros ao redor. Foi uma grande perda para Ijuí quando a família Glufke. decidiu se mudar para Neu Württenberg (hoje Panambi), pois o problema da escolaridade dos filhos mais velhos havia se tornado urgente e, na época, ainda não havia escola na Linha 23. Somente muitas décadas depois, um filho desses antigos pioneiros de Ijuí retornou à cidade (Germano) e fundou novamente um ramo da família Glufke.
Com ele, revivia a lembrança dos pais, sobretudo a abençoada e abnegada atuação da sua mãe em Ijuí. E assim, muitos ijuenses a recordam. Quando o jornal “Die Serra-Post” publicou, em 28 de janeiro de 1961, uma reportagem detalhada sobre o octogésimo aniversário da falecida, prestando-lhe uma homenagem detalhada, concluiu com o desejo de que ela tivesse ainda muitos anos de uma velhice abençoada. A boa forma física e a incrível lucidez e vivacidade mental da octogenária pareciam justificar plenamente a esperança de que o desejo se realizasse,.com sincera reverência àqueles que pertenciam a geração dos primeiros pioneiros de Ijuí, e que outrora dedicaram todas as suas forças para ajudar a jovem colônia a superar as dificuldades iniciais. Mas as coisas aconteceram de outra forma. Apenas pouco menos de dois anos ainda foram concedidos a essa mulher corajosa e inabalável, e seus filhos e genros sobreviventes, juntamente com 32 netos e 48 bisnetos, lamentam com profunda tristeza a sua partida inesperada. Na memória de muitas famílias de Ijuí, porém, a falecida continuará viva como uma benfeitora que ajudou em muitos momentos difíceis. Honremos sua memória!
O “Serra Post” expressa suas sinceras condolências à família enlutada.



















































